“É no problema da educação que
assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade”.
Immanuel Kant (1724-1804)
O período de escolarização
poderia ser provocativo, inquietante e desconcertante. Gerar pessoas que
questionassem o ciclo normal da existência. Favorecer o florescer de gente
inconformada com a macha atual. A escola até poderia ser um terreno fértil para
o germinar de percepções diferente acerca das normoses existentes. A escola
poderia... não fosse sua real intenção de formatação para adequação da aceitação
social, como propõem Emile Durkheim; Não fosse a escola uma estrutura de
reprodução das intenções da classe dominante, como propõem Antônio Gramsci; e
não fosse a escola um produtor de exercito de reserva para atender os donos do
capital, como propõem Karl Marx. A escola poderia... não fosse a educação um
germe adestrado como se está.
A educação precisa ser liberta,
liberta de nós mesmos, de nossos ideais corruptos e tendenciosos. A educação
precisa se libertar dos grilhões de nossa humanização. Contudo, é preciso
reconhecer que a educação jamais conseguirá se ver livre de nossa integração
humana, alias, educar é um processo de humanização por si só. Entretanto, quem
sabe, um dia conseguiremos desfrutar de uma educação mais irreverente, capaz de
desrespeitar os ditames ortodoxais ai
expostos. Discordar não para se opor, mas sim para desvelar, criticar,
desnudar, duvidar e questionar. A educação precisa ser uma enxada que desbrava
nossas ignorâncias e remexe nossas convicções, preparando a boa terra para um
novo plantio.
A educação está adestrada, e o
que denuncia tal atrocidade é a perda de três pilares: 1) Interatividade –
enquanto a educação se manter como um monólogo de professores, então, não
haverá espaço para aprendizagem. O professor é um importante agente, contudo, é
preciso mais integração com os alunos para que a educação se torne provocativa
na realidade social de todos. 2) Continuidade – enquanto a educação continuar
desconexa de um rumo para além das disciplinas anuais ou semestrais, então, o
conhecimento terá um curto prazo de perecividade. A educação precisa superar a
escolarização. 3) Intencionalidade – enquanto a educação estiver rendida a
sistemas avaliativos, então, o proposito será igualmente, apenas, avaliativo e
correspondente ao período de escolarização. É necessário que o saber seja mais
valorizado que a obtenção de notas.
A educação está adestrada, pois é conveniente que ela esteja assim. Os professores não gostam de alunos que pensam, pois sendo assim estes os fazem estudar/preparar aula; Os alunos não querem professores que pensam, pois estes se tornam muito exigentes em sala; A direção não quer alunos e professores pensantes, pois neste caso, ambos produzem muitos problemas acadêmicos para serem resolvidos; A sociedade não quer uma escola pensante, pois deste modo é mais fácil (e mensurável) ditar o que é sucesso e fracasso. Por tudo isto, caso não haja um desarranjo no cenário atual, em vão discursaremos na planaria da vida.
A educação está adestrada, pois é conveniente que ela esteja assim. Os professores não gostam de alunos que pensam, pois sendo assim estes os fazem estudar/preparar aula; Os alunos não querem professores que pensam, pois estes se tornam muito exigentes em sala; A direção não quer alunos e professores pensantes, pois neste caso, ambos produzem muitos problemas acadêmicos para serem resolvidos; A sociedade não quer uma escola pensante, pois deste modo é mais fácil (e mensurável) ditar o que é sucesso e fracasso. Por tudo isto, caso não haja um desarranjo no cenário atual, em vão discursaremos na planaria da vida.
Assim e simplesmente,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
[escrito em 28 de Julho de 2015]