“Quero dizer o que eu penso e sinto hoje, com a
condição de que talvez amanhã eu vá contradizer tudo”.
Ralph Waldo Emerson (1803-1882)
Da
contradição em se ter liberdade de contradizer, é o que nos torna extremamente
coerentes. Por isto a lógica moderna é ser pós-moderno para tentar parecer não
viver nesta turba de conflitos inexplicáveis, que tanto nos explicam. Sendo
assim, o sucesso pode ser facilmente delimitado, marcando uma territorialidade
com giz de cera, demonstrando com riscos ao chão os limites do fracasso.
Portanto, é blasfêmia qualquer forma de categorização, sendo por si só uma
bizarrice contraditória, uma tentativa infame de ordenar os organismos
rebeldes.
A
contradição permite desvelar os temores daqueles que insistem em mudar para
nunca terem que mudar. Preferem gritar em seus próprios ouvidos as diretrizes
de um caminho já percorrido, que de tão desgastado ficam a pisar onde outros já
pisaram, mesmo que com o glamour de originalidade aplausível. Gente em efeito
manada, que corre sem saber por que, nem pra que, simplesmente corre em direção
ao nada. Que contraditoriamente, lá onde fica o nada, quem sabe, talvez, podem-se
descobrir os significantes de tantas normoses, e enfim, entender tudo.
Contra
o dizer pode não ser tão contradizente como se mostra, pode ser apenas uma
releitura distante, uma recostura às avessas, ou até quem sabe um óculos
inadequado para uma realidade adequada. Afinal, somos feitos de desmedidas
exigências que ecoam no cósmico da visibilidade. Sendo assim, tudo pode parecer
sem sentido, e ai sim ganhar sentido. Sentido não de rumo, não de direção, mas
sim sentido de sentido – tipo estas coisas que não se explicam, mas que todos
sempre entendem. Entendeu?
Assim e simplesmente,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
[escrito em 29 de Dezembro de 2015]